Estudo Bíblico Reformado Angola

Se bem me lembro, a última vez que eu recitei o “DEUS AMOU O MUNDO” foi num culto ecuménico, em um campo aberto, lembro-me que havia um montão de gente e eu quase que não aparecia, mas com a ajuda do microfone e uma força que eu mesma não sei de onde saía, falei para aquela multidão de pessoas e ouvia elas aplaudindo, dando glórias à Deus e Aleluias e Améns!

 

Depois, a “pequena Gina” como era intitulada na igreja, começou a deixar um pouquinho de lado essas coisas. Foi então que surgiu uma outra fase de minha vida. A fase em que fui estudar no internato (INP), com os meus 15 anos, à caminho dos 16, e lá, as actividades religiosas eram activas. E eu, sendo uma pessoa com alguns princípios morais, apesar de não ter sido regenerada ainda, era Cristã (nominal). Fazia parte do coro, participava dos estudos bíblicos, com algumas falhas, cultos e tudo era tranquilo.

 

Uma parte engraçada, era que se alguém me pedisse para dar um testemunho eu tinha um bem guardado: “a conversão dos meus pais”. Na verdade eu nunca havia percebido que não tinha nada para contar sobre de mim, porque Deus não tinha feito nada em minha vida (ainda).

 

Fora essa historinha de infância, eu não tinha recebido nenhum milagre, a não ser que meus Pais passaram a viver pra Cristo.

 

Continuando, lá aprendi muita coisa com os frequentes estudos bíblicos e com a vida de algumas pessoas diferentes. Anotava tudinho (os estudos) no meu caderno como toda gente fazia.

 

Quando tudo começou?

 

Tudo começou quando fui para a Ucrânia (nos finais de 2010), logo nos primeiros dias comecei a ver fusco aquele lugar. Eu saía de um internato onde os rapazes mal podiam se aproximar dos dormitórios femininos, pra um lar onde os colegas entravam nos quartos das meninas com a maior naturalidade, e onde cada um era dono do seu próprio nariz, podendo até viver maritalmente com o/a namorado/a. TUDO NORMAL!

 

Foi uma sequência de cenários, que me deixavam verdadeiramente apavorada. E quando percebi então que cristianismo ali era coisa doutro mundo e que não estava rodeada nem de Cristãos, nem de igrejas... Foi um caos! Meu coração clamava por socorro! Estava mesmo me sentindo como um peixe fora da água, sufocada. E com muita sede da palavra. Ou a palavra do Senhor me resgatava, ou eu teria que me conformar com tudo aquilo...

 

Mas Deus, que é infinitamente misericordioso, veio a Seu tempo, com sua palavra, e foi aí então que surgiu a ideia de começarmos a estudar mesmo entre nós. Com muita falta de conhecimento ainda, apenas com aquilo que pude ouvir e aprender até aquele momento, fui sobrevivendo, e pude contar com a ajuda das meninas (Litizia, Miroslávia e Silvânia) nisso tudo, porque o Senhor já havia estabelecido aí entre nós o Seu lugar (Ezequiel 36:26-27;31). Deus já havia organizado tudo, para que o seu nome fosse glorificado entre nós. Num lugar onde dependendo de nós isso seria completamente impossível. Foi incrível como elas amaram a ideia de partilharmos a palavra e foram recebendo de forma ávida cada ensinamento das escrituras (João 10:27). E passamos a viver de forma diferente, anormal, e bem distante dos que se encontravam distantes de Deus (2 cor 6:17-18).

 

Como o plano do Senhor é perfeito, levou-me a olhar pra as pessoas que eu naquela altura acreditava serem exemplos de pessoas q temem à Deus, e queria tê-los cada vez mais por perto. Foi então, que entrei em contacto com a Marcieth pedindo algum apoio com o material de meditação diária, que passou a fazer parte dos nossos cultos, e posteriormente o nosso Pbro Dila, passou a fazer parte do plano de Deus para a nossa edificação.

 

Renúncia

 

Então disse Jesus aos seus discípulos: Se alguém quer vir após mim, negue-se a si mesmo, tome a sua cruz, e siga-me;

Mateus 16:24

 

Creio que não exista vida devocional sem renúncia. Confesso que queria pular essa parte da minha vida, mas foi impossível. Tive mesmo de abrir mão.

 

Enquanto aprendia mais sobre Deus, talvez não tivesse entendido bem o verdadeiro significado de jugo desigual, pois abracei um relacionamento que era perfeito (ao meu ver). Entrei em “jugo desigual”. O rapaz era boa pessoa (segundo o mundo), apresentava virtudes morais, há quem o confundisse como cristão pelo facto de ser diferente, mas não era, pois não seguia a Cristo.

 

E quando esse assunto das escrituras confrontou-me, e por sinal, Deus usou mais uma vez uma menina que eu muito amo, e por ela tenho um carinho especial, pra me exortar à volta do assunto, a conclusão foi:

 

Não vos prendais a um jugo desigual com os incrédulos; pois que sociedade tem a justiça com a injustiça? ou que comunhão tem a luz com as trevas?

Que harmonia há entre Cristo e Belial? ou que parte tem o crente com o incrédulo?

E que consenso tem o santuário de Deus com ídolos? Pois nós somos santuário de Deus vivo, como Deus disse: Neles habitarei, e entre eles andarei; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo.

Pelo que, saí vós do meio deles e separai-vos, diz o Senhor; e não toqueis coisa imunda, e eu vos receberei;

e eu serei para vós Pai, e vós sereis para mim filhos e filhas, diz o Senhor Todo-Poderoso.

2 Coríntios 6:14-18

 

A conclusão foi não se prender neste tipo de Jugo, que não agrada a Deus. Foi terrível, porque, eu jamais me imaginei numa situação como aquela, ainda mais quando tudo parecia estar bem, então, na tentativa de mascarar o pecado, pensando nos danos que eu havia de causar à outra pessoa, tentei usar o subterfúgio: tenho estudado a palavra com ele (indirectamente, ele poderá ser cristão). Pessoas ímpias normalmente dizem: não faças isso, não o deixes! Podes convertê-lo.

 

É ali onde a bíblia nos diz:

 

Pois, como sabes tu, ó mulher, se salvarás teu marido? ou, como sabes tu, ó marido, se salvarás tua mulher?

1 Coríntios 7:16

 

Não vos enganeis. As más companhias corrompem os bons costumes.

1 Coríntios 15:33

 

Confesso que não estava a fazer o que queria! Mas estava mortificando a minha carne, me sentia igualzinha à ovelha sendo levada ao matadouro, sentia que estava a fazer isso com ele e comigo também (Salmos 44:22; Romanos 8:36).

 

A auto-suficiência

 

O pecado é um mal terrível amados, todo cristão deve saber disso. Quando tudo parecia estar bem, após a renúncia, veio outro pecado, mais terrível que os passados, cada vez que aprendesse mais de Cristo, Deus, na sua infinita Misericórdia, decidiu trabalhar em minha auto-suficiência!

 

Como? Da pior forma (pra mim)...

 

Depois da Renúncia, passei a ver aquilo como um ganho, do tipo: consegui! Pois, eu já estava confiando que eu podia fazer qualquer coisa que o Senhor mandasse, estava sentindo-me auto-suficiente. Mas não foi bem assim.

 

Quando menos esperei, já estava assistindo coisas completamente imorais. A princípio com olhos críticos, do tipo: que horror! O que é isso!? Mas que coisa ñé? Que horror…

 

Mas não parava de ver.

 

Um abismo chama outro abismo, ao ruído das tuas catadupas; todas as tuas ondas e as tuas vagas têm passado sobre mim. Salmos 42:7

 

Tal como um abismo chama outro abismo, a auto-suficiência estava gerando um filho: CAUTERIZAÇÃO!

 

Digo CAUTERIZAÇÃO, porque eu já havia confessado este pecado, diante das irmãs, inclusive fizemos um programa de oração e jejum à favor disso, com a ajuda da Silvânia que havia ficado escandalizada com isso. Pois é! Que cristão não ficaria? Lá passamos a orar à favor, e até incluímos a prática da confissão nos nosos estudos.

 

Haaaa amados! Não brinquem com o pecado! Muito menos com Deus!

 

O Senhor tinha decidido não me curar, não existem parâmetros pra cura espiritual. Só a Supremacia de Cristo.

 

É incrível, que eu nem sequer tinha prazer nisso enquanto no mundo. Mas estava lá a me perguntar porquê eu não estava a deixar? Se era só deixar!

 

Até deixei... Mas voltei pra lá depois de um tempo. Tudo porquê? Porque ainda confiava em mim, talvez não estivesse pedindo correctamente pela ajuda de Deus:

 

Pedis e não recebeis, porque pedis mal, para o gastardes em vossos deleites. Tiago 4:3

 

E então? Houve cura?

 

Depois de sei lá quanto tempo sem isso, neste ano voltou a acontecer! Aí eu disse: Chega! Ou não sou Cristã ou alguma coisa terá que acontecer, porque como eu poderei viver assim? Como hipócrita? Não! Noutrora talvez diria que perdi a salvação. Mas graças à infalibilidade da Salvação, essa afirmação seria incorrecta. Então, Comecei a me questionar sobre a minha fé (2 Cor 13:5)

 

E pensei comigo: “Se sou cristã porquê ainda voltei neste pecado? Se não sou, porque o mundo não faz sentido pra mim? (porque não me jogo para lá de uma vez?)”.

 

Então de rastros, na presença do Senhor, disse: “Já não sei mais o que fazer! Seja feita a Tua vontade, pois sei que assim será, ainda que eu deseje o contrário. Se o Senhor não me ajudar o pecado vai-me matar...”

 

Pois não faço o bem que quero, mas o mal que não quero, esse pratico. Romanos 7:19

 

Compadece-te de mim, ó Deus, segundo a tua benignidade; apaga as minhas tansgressões, segundo a multidão das tuas misericórdias.

Lava-me completamente da minha iniquidade, e purifica-me do meu pecado.

Pois eu conheço as minhas transgressões, e o meu pecado está sempre diante de mim.

Contra ti, contra ti somente, pequei, e fiz o que é mau diante dos teus olhos; de sorte que és justificado em falares, e inculpável em julgares.

Salmos 51:1-4

 

E passei a orar com maior temor, de modos que eu podia esperar qualquer coisa do Senhor, qualquer coisa. Foi uma sessão de quebrantamento, que hoje posso dizer: “Verdadeiramente, não depende do que corre, mas, de Deus que se compadece”.

 

Assim, pois, isto não depende do que quer, nem do que corre, mas de Deus, que se compadece. Romanos 9:16.

 

Aleluia! Cristo vive! Deus se compadeceu da pior das servas!

 

Como?

 

R: Hoje, a mesma mão que põe, por exemplo, é a mesma que tira. É tipo tentar comer algo que você não come mesmo, diferente de quem não come por capricho ou por alguma proibição bizarra. Você põe e, ainda que esteja entrando forçadamente, sai. Pois a força que joga para fora, é incomparavelmente maior do que a que tenta pôr para dentro.

 

E os que são de Cristo crucificaram a carne com as suas paixões e concupiscências. Gl 5:24

 

Amados, não creio que hajam super-cristãos, não creio que possamos alguma coisa sem a ajuda Deus, e, para finalizar, não creio que a vida cristã seja algo de altos apenas, mas de altos e baixos, doutro modo, o poder do Senhor não se aperfeiçoaria nas nossas fraquezas. Não acho seguro tentarmos mostrar para Deus e pra os irmãos o quanto a nossa fé está equilibrada, o quanto somos estáveis em nós mesmos, a vida cristã não foi, não é, e nunca será moleza. A não ser que a não estejamos vivendo. Encorajo-vos a deixarem de lado o que vocês podem fazer por vocês, e clamarem pelo socorro de Deus. Se você é fornicador/a, diga mesmo: Senhor, ajude-me, não consigo parar de fornicar, ou ainda invejoso/a, diga mesmo: Senhor, eu não suporto quando todos preferem o/a fulano/a e a mim não, ou ainda outros males. Porque vejamos: se Deus não se deixa escarnecer (Gl 6:7) e o Juízo ao seu tempo virá, é óbvio que você estará reconhecendo o que é. Ou agora, como cristão, ou posteriormente, no inferno. Com a grande e penosa diferença de que no inferno não há remissão dos pecados (Hebreus 10:26-27).

 

E ele me disse: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. Por isso, de boa vontade antes me gloriarei nas minhas fraquezas, a fim de que repouse sobre mim o poder de Cristo.

Pelo que sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Porque quando estou fraco, então é que sou forte. 2 Coríntios 12:9-10

 

Cheguemo-nos, pois, confiadamente ao trono da graça, para que recebamos misericórdia e achemos graça, a fim de sermos socorridos no momento oportuno. Hebreus 4:16

Tendo por certo isto mesmo, que aquele que em vós começou a boa obra a aperfeiçoará até o dia de Cristo Jesus. Filipenses 1:6

 

Amém!

 

Regina Miranda (06.2015)